Stella
Uma vez, indo para a faculdade em 2006, eu ouvi um miadinho. Eu tava mega atrasada e resolvi pensar que era a minha imaginação. Cheguei à noite e minha mãe estava dando comida pra uma mini gata escaminha na garagem de casa. Para resumir: toda noite ela vinha comer. E de manhã ia miar na janela do meu quarto, que era do outro lado da casa. Numa noite de sábado eu estava sozinha em casa, ela estava na garagem, começou a chover, botei ela pra dentro e ela nunca mais saiu.
Vivemos juntas até 2019, quando me mudei da casa dos meus pais e não me deixaram levar ela. Sim, não fazia sentido tirar a gata da casa dela, para ir pra um lugar estranho e ficar sozinha o dia todo. Aí veio a pandemia e eu passei meses sem estar com ela. Quando as coisas voltaram ao normal eu notei como ela tinha envelhecido.
Ela sempre foi gordinha, com uma pancinha pelada (ela sempre arrancava todos os pelos), coxinhas recheadas. Agora ela é magrinha, anda devagar. Ela é bem narigudinha e tem uma cicatriz na cabeça, de uma verruga que ela tinha. Ela ganhou o apelido de cofre durante algum tempo. Também já foi chamada de Kassab, porque ela fazia o caos na caixa de areia quando era pequenininha.
Eu já cuidei de uma gata idosa, a Natasha, minha primeira gata. Ela apareceu em casa em 1996 e viveu até 2017. Eu a chamava carinhosamente de Anticristo, porque ela era brava e odiava todo mundo. Mas quando ela ficou doente, ela me deixava cuidar dela. Eu dava soro todo dia e ela ficava de boa me olhando.
Espero ter mais dias com a Stella, com seus miadinhos resmungões, com seus pedidos para tapinhas na bunda. Ela é a gata mais cheia de manias que já conheci. Agora só bebe água se for de uma jarra verde que minha mãe usava para regar plantas. Ela ama essa mantinha roxa da foto, que eu comprei em Minas Gerais, depois de sentir muito frio na viagem de ida no ônibus.
Agora em fevereiro eu completo 38 anos e a Stella 19.