As I Was Moving Ahead Occasionally I Saw Brief Glimpses of Beauty


Fiquei pensando nas fotos que eu não tiro, por medo de pegar o celular na rua. O lugar que revelava filmes aqui perto de casa fechou, então nunca mais encostei nas câmeras analógicas. Me deu vontade de comprar uma câmera digital bem pequena, só para não perder mais momentos. 

Tem uma foto que minha mãe tirou no quintal da minha vó. As roupas penduradas no varal, o cachorro na casinha, eu com dois anos vendo alguma coisa, minha vó olha para a câmera. Talvez essa seja minha foto preferida de infância. 

Não casei, não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Não consigo imaginar não ter tempo para ler, para ver filmes de cinco horas em que nada acontece, "nada". Quando jovem eu via horas e mais horas de séries, agora mal consigo me concentrar por duas horas. Os filmes de terror perderam o encanto. Não sabia mais qual era a sensação de "caralho, esse filme faz todo sentido". Pelo menos isso aconteceu ontem. 


Gatos por todos os lados, assim como na minha vida, desde 1996. Sempre um gato sentado em cima do caderno de matemática, do texto de Linguística, do livro que eu preciso resenhar. Nessa casa o sol bate apenas no alto, em paredes que eles não alcançam, mas poucas coisas são mais lindas do que um gato no sol. 

O paraíso na terra pode ser um encontro com amigos, ele diz. Sim, concordo e tenho saudades. Saudades das noites de filmes, das conversas em parques, da cerveja com risadas altas. A cada dia a quantidade de amigos diminui e aumentam os momentos de estar sozinha. 


Depois do fotolog eu usava o blog para postar cenas de filmes, depois veio o tumblr. Mas não era a mesma coisa. Saudades de usar blog para coisas simples, pensamentos aleatórios. Tentei a newsletter, mas também não deu. Quem sabe aqui. 


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