Molars and fangs, the clicking of bones


Stephen King foi um dos primeiros autores que eu li. Eu tinha uns 11 anos quando peguei aquele Carrie com a capa horrorosa, da Abril Cultural. Inclusive, vou contar uma história nada a ver. Uma vez minha mãe emprestou uns livros para a moça da locadora. Eu fui buscar depois que ela leu e estava faltando o Carrie. Minha mãe ligou lá e ela disse que tinha me entregado e eu devia ter perdido na rua. Nunca me senti tão insultada na vida. Corta para uns anos depois, eu lendo Bestiário do Cortazar no ônibus lotado, achei que tinha guardado meu exemplar na mochila e sabe-se deus aonde dele foi parar. Enfim. 

Voltando ao homem, li muito King na adolescência. Dessa época O Cemitério era meu favorito (reli anos depois e segui adorando). Aí veio a fase jovem adulta e eu me achava muito especial lendo os beats, clássicos russos e etc, King era comercial demais para mim. Ridícula, eu sei, mas quem não foi um jovem ridículo? Meu TCC foi sobre Jack Kerouac e meu artigo do lato sensu foi sobre Bukowski. Eu dou risada só de lembrar, a gente passa umas vergonhas na vida que só rindo. 

Hoje, com quase 37 anos, tenho os mesmíssimos gostos da Michelle de 13. Inclusive, queria muito uma camiseta do filme A Rainha dos Condenados e adoraria ver um show do Limp Bizkit, mas jamais que eu vou em festival, por motivos de saúde e de dinheiro. Mas voltando de novo...


2014 foi um ano de merda, o pior da minha vida e espero que eu nunca tenha que passar por aquelas insalubridades de novo. Logo em março uma amiga querida se matou, eu tive dengue, fui atropelada (literalmente) e vi o jogo do 7x1 com a perna para cima, sozinha na sala, porque as pessoas se estressaram e foram beber no quintal. Em 2014 eu não fazia terapia, não estava medicada, simplesmente surtadíssima e só tenho a agradecer a quem me aguentou durante aqueles meses todos. 

Porém, em 2014 eu voltei para Stephen King. Eu tinha recebido uma grana de imposto de renda e tinha acabado de sair uma nova edição de Misery. Gastei meu dinheiro com ela e com cervejas com pessoas duvidosas. Hoje penso que eu devia ter comprado mais algum livro dele, mas tudo bem porque minha coleção está enorme e não cabe mais nada no nicho King da estante. Amém aos e-books. 

Misery não me empolgou muito, a minha concentração era a mesma de uma banana apodrecida, mas não desisti do homem. Comecei a ler mais dele, pelo menos um por ano. SK é minha leitura de conforto, sempre que bate uma bad eu corro para ele. 

Tabitha King, responsável pelo Stephen ser quem ele é hoje em dia. E rainha do planeta por ter aguentado ele durante as décadas de 70 e 80

2023 foi um ano bom, consegui muita coisa bacana, a medicação funcionou, terapia em dia (como dizem os moços do bumble), mas eu cheguei em novembro com o carisma de uma manga murcha (sim, amo comparações metafóricas com frutas tristes). Para alisar meu cérebro, escolhi Salem para terminar o ano. Achei que ia virar com ele, mas terminei rápido. Show demais, amei, sigo apaixonada por vampiros. Ontem vi o filme/minissérie do Tobe Hooper e curti, mas acho que pesou na mão da cafonice, e olha que sou entusiasta da cafonice. 

Escolhi virar o ano com Achados e Perdidos, continuação de Mr. Mercedes, que eu tinha lido lá no começo da pandemia. Terminei e fui para Último Turno, que fecha a trilogia. Já ia emendar o Outsider, que tem uma personagem lá da trilogia, mas fiz uma pausa para ler mulheres contemporâneas. As amo, mas eu estou meio cansada de prosa de mulher branca rica em crise que sabe que é privilegiada, mas segue sendo um lixo sem consciência de classe. Bom, Anne Rice e Ana Maria Gonçalves serão lidas em breve. Agora peguei um da Giovanna Rivero, boliviana que escreve aquelas bizarrices latino americanas que tanto amo. 


Brinquei no Instagram que eu ando exaltando muito os machos. Nesse blog inclusive tem um post sobre o Tom Cruise, mas é isso, passei oito anos exclusivamente focada nas mulheres da literatura, agora eu quero meu cérebro liso como um escorregador. E ninguém melhor do que o homem SK para me ajudar nessa tarefa. 

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